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Como a reflexão filosófica auxilia na argumentação dos estudantes

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A filosofia transcende o mero estudo de conceitos abstratos e se revela como uma ferramenta poderosa e transformadora no cotidiano escolar. Quando integrada ao currículo, conforme orientado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ela não apenas enriquece o entendimento teórico, mas também promove habilidades práticas essenciais, como a argumentação e a leitura crítica de mundo. A filosofia de Kant sobre o esclarecimento, a virtude e justiça em Aristóteles, e a noção de estado da natureza dos contratualistas são exemplos de como esses conceitos podem ser utilizados para fomentar um ambiente de aprendizado mais crítico e reflexivo.


Immanuel Kant, em seu ensaio "O que é o Esclarecimento?", desafia os indivíduos a saírem de sua "menoridade" autoimposta, ou seja, a capacidade de pensar por si mesmos sem a orientação de outros. Este conceito pode ser introduzido nas aulas de filosofia para incentivar os alunos a questionarem e refletirem sobre suas próprias crenças e valores. Por exemplo, um professor pode propor debates em sala de aula onde os estudantes são encorajados a defender suas opiniões com base em argumentos racionais, promovendo assim o desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo. Além disso, ao relacionar tais debates com temas atuais, os alunos aprendem a aplicar o pensamento filosófico em contextos reais, ampliando sua leitura crítica do mundo.


Aristóteles oferece uma rica fonte de discussão sobre virtude e justiça. Em suas obras, ele explora a ideia de que a virtude é um hábito que se desenvolve através da prática e que a justiça é uma virtude essencial para a vida em sociedade. Professores podem utilizar esses conceitos para discutir questões éticas contemporâneas, como a justiça social, incentivando os alunos a refletirem sobre o que significa ser um cidadão virtuoso e justo. Tais discussões não apenas aprofundam o entendimento filosófico, mas também preparam os alunos para a argumentação em redações, como as exigidas no ENEM. Um exemplo prático seria analisar casos de injustiça social e discutir como ações virtuosas podem promover mudanças significativas.


Os contratualistas, como Hobbes, Locke e Rousseau, introduzem a noção de estado da natureza e o contrato social, conceitos que podem ser explorados para entender a formação das sociedades e a legitimidade das leis. Na experiência com o terceiro ano do ensino médio do Colégio Maanaim, essa abordagem se mostrou particularmente eficaz. Durante as aulas, os alunos foram incentivados a explorar como os conceitos de estado da natureza, conforme discutido por Hobbes, Locke e Rousseau, podem ser usados como repertório na produção de textos argumentativos. Na prática, os alunos do Colégio Maanaim foram desafiados a associar o estado da natureza de Hobbes, que descreve uma condição de anarquia e caos sem a presença de uma autoridade central, com temas contemporâneos, como a importância das leis e normas para manter a ordem social. Por exemplo, ao discutir a ausência de regulação nas redes sociais, os alunos puderam argumentar sobre como o estado da natureza hobbesiano pode ser utilizado para refletir sobre a necessidade de regras que garantam um ambiente online seguro e justo. Essa associação não apenas enriqueceu a compreensão filosófica dos alunos, mas também aprimorou suas habilidades de escrita e argumentação.


Paulo Freire, como referência de educador, oferece uma perspectiva transformadora sobre o papel da educação e da filosofia. Em sua visão, a educação é uma prática de liberdade, onde a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Essa visão é fundamental para desenvolver uma consciência crítica nos alunos, essencial para questionar e transformar suas realidades, sobretudo pela autonomia que o conhecimento pode-lhes proporcionar.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza a importância de desenvolver competências críticas e argumentativas, e a filosofia desempenha um papel crucial nesse processo. Ao refletir sobre o pensamento de filósofos como Kant, Aristóteles, os contratualistas e Freire, os alunos são encorajados a questionar e debater, ampliando sua compreensão do mundo. Assim, a filosofia, iluminada pelo referencial freiriano, não apenas enriquece o saber acadêmico, mas também molda cidadãos mais conscientes e engajados, preparados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo com um pensamento crítico e fundamentado.


 
 
 

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